Depois de reinar absoluto no mercado por vários anos, o pacote de aplicativos Office passou a enfrentar a concorrência de uma autêntica enxurrada de softwares de produtividade e entrou num ciclo de decadência. Mas a sua redenção pode estar no anúncio feito na quinta-feira, 27, pelo novo CEO da Microsoft, Satya Nadella. Ele usou sua primeira aparição pública para revelar a versão do software especialmente adaptada para o iPad, da Apple, o que, na avaliação de analistas de mercado, poderá gerar bilhões de dólares em novas vendas para a empresa.
Um sinal de que há boas perspectivas para o produto no mercado foi o fato de os rumores antes do lançamento do Office para iPad terem empurrado o preço da ação da Microsoft para US$ 40 esta semana, pela primeira vez desde abril de 2000.
Com o Office para iPad, Nadella assinala uma mudança estratégica na fabricante de software. Ao assumir o cargo em janeiro, no lugar de Steve Ballmer, o executivo anunciou uma "primeira nuvem, primeiro celular", sinalizando que ele iria aumentar as vendas do pacote de aplicativos, colocando-o em todos os dispositivos, que operam com o Windows ou não.
Ballmer, que dirigiu a empresa por 14 anos, tinha focado nas vendas incrementais, baseadas na força da marca, mas deixou o cargo em meio a críticas de que a empresa vivia da dependência do Windows e Office, que geraram lucros ao longo de décadas, mas que têm sido cada vez mais desafiados por softwares concorrentes.
"O que nos motiva é a realidade dos nossos clientes", disse Nadella, ao admitir tacitamente o fracasso da estratégia de Ballmer de manter o Office atrelado ao tablet Surface, da própria Microsoft, que vendeu mal.