O surgimento de dispositivos móveis mais sofisticados – como smartphones e tablets – abriu margem para o desenvolvimento de uma extensa gama aplicativos para a área médica, que estão se convertendo em aliados indispensáveis da saúde. Chamadas de m-health (do inglês mobile health), essas ferramentas têm se expandindo no Brasil, embora o País ainda enfrente algumas barreiras que impedem o seu crescimento mais acelerado.
Para Fernando Caron, diretor de negócios da unidade de saúde feminina da Bayer, hoje o desenvolvimento de aplicativos móveis segue uma série de processos internos de validação para evitar que regras estabelecidas pela Anvisa sejam descumpridas. É uma espécie de controle autoimposto pela própria empresa. "Por exemplo, não podemos usar os aplicativos para fazer propaganda de um determinado medicamento." Mas ele avalia que com a popularização dos aplicativos móveis, a Anvisa deverá passar a controlar essas ferramentas. "O mercado brasileiro de saúde é dos mais regulados do mundo", diz Caron.
O diretor sênior de relações governamentais da Qualcomm, Francisco Soares Giacomini, afirma que a tecnologia móvel pode contribuir para a redução dos custos no tratamento de pacientes, a partir do desenvolvimento de aplicações móveis. Citando estudos feitos nos Estados Unidos, o executivo diz que 29% dos usuários de smartphones disseram que desejam que o monitoramento de sua condição de saúde seja realizado por meio de soluções móveis. Ele cita ainda alguns estudos de caso envolvendo a Qualcomm sobre o uso de tecnologias de mobilidade no segmento de saúde. Um deles, feito no Japão, refere-se ao monitoramento de sinais vitais à distância por meio de dispositivos móveis conectados a redes 3G. O outro, realizado no Egito, contempla o diagnóstico de doenças dermatológicas por meio de tecnologias móveis.
Soares enfatiza que como a precisão das informações é crucial no m-health, ter uma arquitetura de rede flexível, de qualidade e segura, de maneira a garantir o acesso apenas às pessoas certas, é fundamental. “Tecnologias ponto-a -ponto também têm grande potencial no m-health”, avalia.
Elis Foregini, gerente de mídias digitais do Hospital Albert Einstein, conta que o hospital já utiliza iPads, fornecidos à equipe médica e também em alguns leitos. No momento, diz ela, o hospital está trabalhando no desenvolvimento de aplicativos móveis com foco no paciente e na prevenção de doenças. “Entretanto, temos tido certa dificuldade em relação a implantação do prontuário eletrônico, que não está totalmente completo e integrado”, diz Elis, ressaltando que a meta do hospital é melhorar a gestão do paciente por meio de soluções móveis.
A executiva observa que o desenvolvimento de soluções móveis depende da regulamentação e de questões culturais inerentes à atividade médica, que podem inviabilizar algumas ideias. “Estamos buscando um caminho efetivo para criar aplicações de m-health”, afirma. “Os médicos querem diversas soluções de m-health, mas os advogados dizem que nada é permitido”, acrescentou Gustavo Perez, presidente da MTM Tecnologia. Os executivos participaram do Fórum Mobile+, evento promovido pelas revistas TI INSIDE e TELETIME, e organizado pela Converge Comunicações.