A rápida expansão da computação na nuvem e do mercado de soluções oferecidas em um modelo de "software-como-serviço" mudaram significativamente o relacionamento das áreas de TI com o restante da empresa. Antes, servidores, computadores pessoais, e até mesmo licenças de software representavam um investimento significativo das empresas, e, por sua natureza, se tornavam ativos relevantes para os negócios. Ter um data center próprio, devidamente modernizado, era uma vantagem competitiva significativa para grandes empresas, e isso estava traduzido no balanço das empresas de uma maneira muito objetiva.
Hoje, as diferentes áreas e departamentos da empresa são cada vez mais independentes com relação às suas contratações de soluções e serviços, e, com a computação na nuvem, até mesmo do hardware necessário para as suas operações. A área de tecnologia é geralmente vista como um obstáculo à execução de projetos, e os gastos realizados de forma fragmentada se tornaram despesas operacionais. Em resumo, a tecnologia deixou de ser um recurso (um ativo) e passou a ser um custo (contas a pagar).
Os dados oferecem a possibilidade de novamente transformar essa equação. Falamos muito da importância de explorar o máximo de valor dos dados de um ponto de vista operacional, e de transformar as empresas em negócios orientados ao uso da informação em todos os seus processos, de forma a maximizar os resultados. Mas não é só no lado operacional que podemos extrair valor dos dados. Eles também são um ativo contábil, e precisam cada vez mais ser tratados como tal.
O que é um ativo? Na sua definição clássica, um ativo é um recurso com valor econômico, controlado por uma entidade (uma empresa, um indivíduo ou um governo), sobre o qual existe a expectativa de geração de um benefício econômico futuro. O estoque de uma empresa de varejo é um ativo, pois quando os produtos forem vendidos, eles vão gerar receitas. Os computadores utilizados pelos funcionários são um ativo, porque são ferramentas que permitem que o trabalho seja executado, entregando os resultados esperados das pessoas. Da mesma forma, os dados podem ser considerados como um ativo, não só no sentido metafórico, mas também no balanço das empresas.
Primeiro, dados são recursos. São armazenados (estocados) em sistemas e utilizados em diferentes processos, operacionais e não-operacionais. Sem dados, sem informação fluindo entre sistemas, a grande maioria das empresas pararia. Dados também têm um valor econômico claro. O mercado de dados é gigantesco ao redor do mundo, e praticamente qualquer informação pode ser comercializada para terceiros, gerando benefícios econômicos diretos. Alternativamente, a utilização de dados para a melhoria de processos internos traz redução de custos ou aumento de receitas para as empresas, gerando assim benefícios econômicos indiretos. Dadas essas características, é óbvio que os dados podem ser tratados como parte do ativo de qualquer empresa.
E para as áreas de TI, isso representa uma grande oportunidade. Por mais que a contratação de ferramentas e serviços esteja cada vez mais sendo realizada diretamente pelas áreas de negócios, a gestão dos dados que circulam por dentro da empresa, e a integração e o fluxo de dados pelas diferentes plataformas e soluções utilizadas continuam diretamente sobre a responsabilidade dos profissionais de tecnologia. Essa área, portanto, controla um ativo gigantesco que, para a maioria das empresas, ainda é invisível.
Assim, os dados, independente de sua aplicação na operação ou não, trazem uma oportunidade gigantesca de reconquista da relevância nas organizações – além da atuação operacional – para as áreas de tecnologia. Tomar a frente desse movimento de reconhecimento dos dados como ativos é fundamental para o posicionamento das empresas na economia dos dados, e quem apoiar a organização nessa jornada terá com certeza um papel central no futuro dos negócios.
Thoran Rodrigues, fundador e CEO da BigDataCorp.