O anúncio feito pelo Twitter na semana passada de que vai começar a censurar mensagens de usuários em determinados países gerou uma torrente de críticas sobre a forma pela qual a plataforma social pretende lidar com as questões de liberdade de expressão à medida que expande rapidamente seu alcance mundial. A rede de microblogs até então era tida como imune a políticas de controle de informação de governos, a exemplo da China, onde seu acesso é bloqueado.
Usuários da plataforma manifestaram indignação frente à nova política e propuseram um boicote à ferramenta. Com a hashtag (marcação utilizada nas buscas internas do microblog) #twitterblackout, diversos perfis passaram a publicar mensagens criticando a nova medida. A organização internacional de defesa da livre manifestação de opiniões Repórteres sem Fronteiras divulgou uma carta ao presidente executivo do Twitter, Jack Dorsey, na qual manifesta sua "profunda preocupação" com a censura de conteúdos. No documento, o diretor da associação pede a reversão urgente da decisão, que "restringe a liberdade de expressão" e vai contra movimentos nos quais o site ganhou relevância.
O reconhecimento pelo Twitter de que censurará conteúdo representa desvio radical ante a posição que a companhia assumiu um ano atrás, quando manifestantes oposicionistas na Tunísia, Egito e outros países árabes usaram a rede social para coordenar manifestações de massa
O manifesto cita a chamada Primavera Árabe, quando manifestantes oposicionistas na Tunísia, Egito e outros países árabes usaram a rede social para coordenar manifestações em massa. Por meio do microblog foram realizados diversos encontros que ajudaram na instalação de lideranças democráticas. O perfil do Repórteres sem Fronteiras é famoso por tornar públicas práticas de exploração e violação à liberdade de expressão. Com a censura, a associação teme que suas mensagens fiquem inacessíveis nos países alvos de suas denúncias.
Assim como o Google admitiu que está reconsiderando sua política de privacidade para poder atuar na China sem sofrer represálias do poder central , especula-se que o Twitter está em busca do mesmo objetivo. No país asiático, contudo, já existe um serviço muito semelhante à redede microblogs que se submete às leis chinesas e é amplamente utilizado pelos internautas – o site Weibo.
Agências internacionais noticiaram nesta segunda-feira, 30, que o governo da Tailândia comemorou a medida e já planeja utilizar a censura no Twitter. Isso porque mensagens ofensivas à monarquia local são proibidas em qualquer tipo de mídia. Hoje, a rede de microblogs possui mais de 100 milhões de contas ativas, das quais cerca de 70% são de usuários dos Estados Unidos.