Apenas 35% dos CIOs latino americanos conseguem escalar projetos de digitalização

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Quarenta porcento dos CIOs (Chief Information Officers) globais conseguiram escalar seus empreendimentos digitais este ano, mais do que duplicando o número de companhias com estes resultados em 2018, de acordo com a pesquisa global de CIOs do Gartner. A América Latina está um pouco atrás da média global, com 35% dos CIOs relatando ter atingido o estágio de escala e refino da iniciativa digital de suas organizações.

Mas, segundo o Gartner, a jornada ainda não foi concluída, mesmo para estes que já absorveram o processo. Os próximos desafios que os líderes enfrentarão em dois ou três anos serão as interrupções iminentes, como uma recessão econômica ou violação de dados, que os forçará a tomar medidas caso desejem emergir mais fortes do outro lado de uma "virada".

Nos últimos quatro anos, 92% das empresas latino-americanas sofreram algum tipo de situação que perturbou as operações normais, como pressões severas nos custos operacionais, convulsões políticas, rotatividade de liderança, intervenções regulatórias adversas e assim por diante.

O Gartner alerta que apenas um quarto das empresas estão preparadas o suficiente para vencer esses desafios. A pesquisa deste ano mostra que os CIOs precisam aproveitar períodos de desaceleração para desenvolver suas capacidades para o próximo período econômico positivo.

"Você não pode ler muito sobre negócios hoje sem se deparar com a palavra 'interrupção', especialmente em termos de mercado, economia, comércio e política", diz Cassio Dreyfuss, Research Vice President do Gartner. "Ser digital não é mais suficiente para gerenciar mudanças nas condições de negócios, especialmente quando as inovações tecnológicas e os próximos regulamentos de privacidade – como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) – sobem ao palco.

O conceito de 'vencer nas viradas' se aplica muito às empresas latino-americanas. Os CIOs precisam tomar ações específicas para aumentar a aptidão de suas organizações agora, se quiserem se tornar mais fortes e competitivos após a próxima mudança".

Os analistas do Gartner apresentaram as conclusões do estudo durante o Gartner IT Symposium/Xpo 2019™, que acontece em São Paulo até esta quinta-feira,31. A pesquisa de CIOs do Gartner para 2020 reuniu dados de mais de 1.000 CIOs de 64 países e todas as principais indústrias, representando aproximadamente US$ 3,5 trilhões em receitas e US$ 67,5 bilhões em gastos com TI. Os líderes da América Latina correspondem a aproximadamente 11% do total de respondentes globais, representando US$ 213 bilhões em receita e US$ 2,5 bilhões em gastos com TI. Os CIOs brasileiros compõem mais da metade da amostra da América Latina.
 
Empresas aptas estão vencendo nas 'viradas'

A pesquisa separou as empresas dos CIOs participantes em dois grupos, "em forma" e "frágil", dependendo de como as organizações se saíram nos últimos ciclos. As empresas mais preparadas ("em forma") surgiram, neste cenário, mais fortes em pontos como a capacidade de financiamento de iniciativas comerciais e a atração de talentos, enquanto as empresas "frágeis" eram menos capazes nessas áreas. As empresas aptas, em média, também aumentaram sua receita em 5% ao ano nos últimos três anos, uma taxa mais rápida do que o aumento de 3,5% na receita de seus pares frágeis.

Os líderes das companhias mais preparadas pesquisam ativamente tendências ou situações emergentes que exigem uma mudança e, em seguida, aproveitam a organização de TI como um instrumento para navegar de acordo com as necessidades. As empresas que desejam se adequar devem se concentrar no alinhamento, antecipação e adaptação a cenários de negócios dinâmicos.

O alinhamento – ou até que ponto as organizações podem permanecer unidas enquanto mudam de direção durante as crises – é uma das áreas em que as empresas "em forma" mais superam os resultados das companhias consideradas "frágeis". Fornecer liderança clara e eficaz é uma demanda chave de alinhamento. Quase metade dos entrevistados de organizações preparadas classificaram seus líderes como muito eficazes em "comunicar com precisão as necessidades de negócios à TI", em comparação com apenas 30% dos participantes frágeis da pesquisa. As empresas aptas também têm maior probabilidade de ter investimentos disciplinados em TI, uma visão clara, estratégia geral consistente e um forte relacionamento CIO / CEO.

"Uma grande vantagem para os CIOs é que as empresas preparadas veem cada vez mais a TI como um ponto de alavancagem para os negócios", explica o analista. "Ter uma estratégia de negócios geral, clara e consistente é um dos traços mais distintos das empresas em forma. Nessas organizações, a tecnologia digital impulsionará a estratégia".

"Os CIOs devem planejar interrupções de vários tipos para acelerar na maioria das verticais", avalia Dreyfuss. "A menos que suas empresas já estejam em forma, as crises diminuem a capacidade de as companhias flexionarem suas ações assim que o ambiente muda. As organizações que adquirem essa capacidade de se ajustarem antes de uma crise não sofrerão danos permanentes e, na verdade, serão melhores no final. O Gartner considera as empresas brasileiras muito resilientes devido ao ambiente econômico turbulento em que operam regularmente".
 
Implicações de orçamentos planos de TI

As "viradas" arriscam temporariamente a receita e o lucro, mas, o mais importante, corroem os fundamentos da administração de uma empresa, como o lançamento de novas iniciativas ou o investimento em inovação. Os orçamentos de TI para empresas frágeis devem crescer apenas 0,9% em média em 2020, em comparação com 2,8% na amostra geral de organizações. Espera-se que os orçamentos de TI da América Latina cresçam 1,3% em 2020, abaixo dos 3% projetados no ano passado, o que é apenas ligeiramente superior à média das empresas frágeis. Tais empresas, que têm um orçamento baixo para começar, sofrerão danos estruturais permanentes caso haja uma interrupção.

"Embora uma desaceleração não seja o cenário provável até 2020, o risco é alto o suficiente para justificar a preparação e o planejamento", explica o analista do Gartner. "A pesquisa mostra que as companhias que se preparam estão em uma melhor posição para vencer, principalmente em comparação com aquelas que não estão se ajustando. Os CIOs devem procurar ativamente situações emergentes que exijam mudanças antecipadas e assumir riscos medidos, com o objetivo de se prepararem, se quiserem superar seus concorrentes frágeis e reativos".

Os líderes das empresas "em forma" se destacam na tomada de decisões disciplinadas de investimento em TI, que é a terceira maior lacuna entre os respondentes "em forma" e "frágeis". No ano fiscal de 2019, a liderança brasileira aumentou os investimentos em Recursos Digitais, Tecnologia da Informação e Desenvolvimento de Pessoas e Cultura como as três principais áreas de investimento, de acordo com a pesquisa 2019 Gartner CEO. As empresas "em forma" fazem trocas entre prioridades concorrentes e gastam mais de seu dinheiro nos projetos de TI que fazem mais diferença nos resultados gerais dos negócios. Por outro lado, empresas frágeis dedicam seu orçamento de TI ao aumento da eficiência operacional.
 
CIOs da América Latina priorizarão segurança cibernética, RPA e Inteligência Artificial em 2020 – As empresas que contratam TI para obter vantagem competitiva têm taxas mais altas de adoção de tecnologias contemporâneas. Na América Latina, os CIOs estão antecipando tendências emergentes e priorizando a adoção de recursos de segurança cibernética, automação de processo robótico (RPA) e Inteligência Artificial (IA).
As empresas em forma também têm CIOs dedicados à modernização do núcleo de TI e estão transferindo investimentos de acordo com esse cenário. Análise, modernização de aplicativos e várias formas de Computação em Nuvem estão entre as áreas em que a maioria dos CIOs globais está aumentando seus investimentos em 2020, segundo o Gartner.

"Esse fato por si só mostra como as organizações de TI estão mais propensas a trabalhar com a empresa para definir estratégias de negócios orientadas à tecnologia em companhias 'em forma', possivelmente até proativamente", explica Dreyfuss. "Os líderes empresariais e CIOs brasileiros estão cientes dos avanços digitais em outras geografias e definem direções alinhadas com esses players. Independentemente das condições políticas e econômicas locais, o Brasil deve ser capaz de oferecer uma resposta competitiva às operações de negócios globais, especialmente à medida que as expectativas de TI aumentam".

"No ano passado, dissemos que os CIOs precisavam elevar seus negócios digitais a um estado estável e seguro. Na maioria das vezes, eles estão no caminho certo para conseguir isso", afirma o analista. "O sucesso em 2020 significa aumentar a preparação da organização de TI e da empresa como um todo para resistir à interrupção iminente dos negócios, planejando-a com antecedência".

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