IoT: A procura pela killer application

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Já comentei em meus artigos anteriores que a Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês de Internet of Things) é uma tecnologia que  gerencia objetos identificados univocamente com capacidade de comunicação e de interação com outros objetos. Ela utiliza a infraestrutura de rede global que interliga objetos físicos e virtuais. Essa infraestrutura inclui a Internet existente e a internet do futuro, bem como os novos desenvolvimentos das redes. Inclui também a identificação do objeto específico, capacidade de sensoriamento e de conexão com outros objetos.
Aplicações de IoT são caracterizadas por serviços independentes cooperativos com um elevado grau de captura autônoma de dados, conectividade e interoperabilidade de rede.
Comentei também a importância que o investimento em projetos de IoT tem para qualquer país que pretenda ser um personagem importante nesta tecnologia.
Neste artigo quero comentar a minha visão a respeito do que falta para a IoT se tornar realidade?
Falta uma “KILLER APPLICATION”. E o que seria isso?
Basicamente, seria uma aplicação prática, imediata e útil da internet das coisas, que a tornasse indispensável para pessoas e empresas.
Acho que estamos agora, na IoT, como o micro computador estava quando o PC foi lançado pela IBM no segundo semestre de 1981.
O computador pequeno já existia, a Apple e alguns outros fabricantes eram pioneiros e estavam fabricando e vendendo tudo o que podiam. Como agora, com a IoT, já era possível reconhecer a importância crescente daquela nova tecnologia, com seus micro processadores que permitiam uma relação custo/performance admirável. A IBM foi a primeira grande empresa a reconhecer essa importância e o risco que ela incorreria se ignorasse este novo uso da tecnologia nascente de micro processadores.
Com o lançamento do PC, a IBM viabilizou duas empresas, INTEL e MICROSOFT, que viriam a ser as grandes vencedoras da era do PC.
A entrada  da IBM no segmento deu credibilidade ao uso de PC’s no mercado corporativo, mas faltava um uso que justificasse a sua adoção. O mercado começou a dar sinais de esgotamento. Os adeptos de novas tecnologias, tanto as pessoas como as empresas, já tinham adquirido os seus equipamentos e o mercado dava sinais de estagnação.
Foi uma aplicação que já existia antes do lançamento do PC, o VISICALC, primeira planilha de cálculos do mercado, que inspirou a “Killer aplication” (e viabilizou o PC no mercado corporativo): o LOTUS 123. Alguns anos mais tarde, quando o mercado começava a ficar saturado novamente, uma nova aplicação viabilizou o crescimento definitivo do PC, que foi a Internet. Mais recentemente, a mesma Internet e a telefonia celular foram as tecnologias que viablizaram os tablets.
A IoT está à procura de sua “KILLER APPLICATION” .  Pode ser que ela já esteja aqui, sendo utilizada ou sendo desenvolvida, a exemplo do VISICALC, sem que ninguém tenha percebido.
Quais são as principais aplicações que já estão presentes e que recebem no momento os maiores investimentos?
A Comunidade Europeia, a Coréia e a China estão investindo muito no conceito de smart cities, pela criação de gigantescas áreas de experimentação em cidades reais. O projeto SMART SANTANDER, na CE (nas cidades de Guildford, Lubeck e na própria rede Santander) tem mais de 20.000 “testbeds”,  com sensores instalados e disponíveis para experimentação.
As principais aplicações desenvolvidas ou em desenvolvimento nesta área são controle de trânsito, transportes coletivos, saúde e atendimento hospitalar, consumo de energia e controle do desperdício de água.
Wuxi na China e Songdo na Coréia do Sul são outros exemplos bastante divulgados. Mas há muitas outras experiências em andamento ou em planejamento no mundo todo. Nos EUA várias cidades estão desenvolvendo as suas.
No Japão, onde, com o nome de computação ubíqua, a IoT está há mais tempo em uso, a principal aplicação é a da automação residencial.
E no Brasil? ainda não temos nada de relevante. Uma das teses que temos debatido aqui é que o governo deveria usar o seu poder de compra para estabelecer alguns projetos estruturantes que pudessem servir de base para outras aplicações. E poderíamos ter nossa própria Killer Application.
Se você se interessa pelo tema, entre no site do Fórum de Competitividade de IoT (www.iotbrasil.com.br) e cadastre-se para estar informado sobre o que se passa em IoT.

Gabriel Antonio Marão, engenheiro eletrônico, com carreira em empresas como Engesa, IBM e grupo Itaú foi CEO da Itaucom e da Itautec, sendo no momento sócio e CEO da Perception. Está no conselho consultivo da FACTI, Associação CEITEC e ITS.

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