As relações entre a Comissão de Inteligência do Senado dos Estados Unidos e os órgãos de inteligência norte-americanos que já andavam tensas desde que vieram à tona as denúncias do ex-analista da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), Edward Snowden, da existência de um programa de vigilância em massa das comunicações do governo em nível internacional, devem azedar de vez com a confirmação de que a Agência Central de Inteligência (CIA) espionou a rede de computadores usada pelos parlamentares para investigar alegações de que a agência usou tortura em investigações de terrorismo durante o governo George W. Bush.
A descoberta da operação reforça as acusações feitas pela senadora Dianne Feinstein, do Partido Democrata, chefe da comissão, que em um discurso no plenário em março denunciou a bisbilhotgem da CIA aos computadores do Senado, numa clara violação à Constituição, que define a separação entre os poderes da República, bem como à Quarta Emenda sobre proteção contra buscas.
Embora o monitoramento descrito pela parlamentar pareça muito mais limitado do que o escândalo da NSA, a reação pode ser forte porque envolvia o painel que supervisiona os programas e o financiamento da CIA. A crítica é particularmente mordaz, porque Dianne tem sido uma das principais defensoras das agências de inteligência, em um momento em que elas têm sido duramente criticadas nos EUA e no exterior.
O diretor da CIA, John Brennan, pediu desculpas aos membros da Comissão de Inteligência pelos registros feitos por seus agentes nos computadores, de acordo com um comunicado feito nesta quinta-feira pelo porta-voz da CIA, Dean Boyd. Os senadores foram informados na terça-feira.
A comissão de Inteligência iniciou uma investigação em 2009 sobre o programa de interrogatórios violentos da CIA, e teve acesso a mais de 6 milhões de documentos entregues pela agência. Os senadores podiam consultar esses documentos nos computadores protegidos e aos quais a CIA não deveria ter acesso, segundo um acordo entre o Senado e a agência de inteligência. Mas, em 2010, mais de 900 páginas de documentos particularmente importantes desapareceram dos expedientes protegidos.
Brennan negou na ocasião que a CIA espionasse a comissão, mas pediu ao inspetor-geral da agência que iniciasse uma investigação interna. Agora Brennan abriu uma investigação dentro da CIA que poderá levar a sanções disciplinares. Com informações de agências de notícias internacionais.