Ao todo, 154 publicações brasileiras se retiraram do serviço de notícias do Google, o Google News, seguindo uma recomendação da Associação Nacional de Jornais do Brasil (ANJ) feita na semana passada. De acordo com a instituição, todos os veículos associados acataram o pedido, somando mais de 90% dos jornais em circulação no país.
A motivação para a decisão foi a recusa do Google em pagar por indexar seu conteúdo no serviço, que faz um apanhado geral das principais notícias em sites de mídia. A empresa defende que não há justificativa para compensação financeira, uma vez que todos os sites ganham cliques em alto volume e, com a audiência, a venda de publicidade para os jornais também se eleva.
Em nota, a ANJ justificou a medida com o detalhamento das negociações. Para a associação, muitos leitores se contentam com o resumo apresentado pelo Google em detrimento do acesso integral às páginas. Por isso, em uma das conversas foi proposto o Projeto 1 linha, “pelo qual as notícias dos jornais apresentadas em buscas feitas pelo Google News teriam apenas 1 linha, ao invés das 4 ou 5 normalmente exibidas”, sob a premissa de que aumentariam as chances de os internautas acessarem diretamente os conteúdos dos sites.
O projeto não foi adiante porque, “ao contrário do que havia garantido o Google, a redução no número de linhas exibidas afetou radicalmente o ranqueamento dos resultados exibidos nas buscas”, diz a ANJ.
Europa
Na Europa, o Google ameaça excluir os sites da mídia francesa entre seus resultados no buscador convencional, caso seja aprovada uma lei em debate em Paris que obriga o pagamento de uma comissão a cada vez que as páginas de determinadas publicações sejam exibidas. Esta é o último de uma série de embates semelhantes entre a companhia e empresas de mídia ou representantes de governos. Há alguns meses, o governo alemão também estudou a criação de normas semelhantes para proteger seus jornais locais.
Os executivos do Google se encontraram com representantes do governo na última sexta-feira, 19. De acordo com o jornal inglês The Guardian, o Google considera que a criação de tal lei “ameaça a existência” da empresa, que seria forçada a parar de referenciar qualquer site da mídia local.
Em carta publicada no blog do Google Europa, a companhia se defende com o argumento de que sua ferramenta redireciona ao menos 4 bilhões de leitores mensais a estas páginas. O gigante de buscas compara a legislação como “pedir que um taxista pague para levar um passageiro a um restaurante”. O documento ainda fala que a lei restringiria o livre acesso à informação.