Três em cada quatro empresas brasileiras falham na transformação digital, aponta BCG

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A segunda edição do estudo Flipping The Odds of Digital Transformation, do Boston Consulting Group (BCG), constatou que só 23% das empresas brasileiras atingiram (ou excederam) todos os objetivos de suas transformações digitais em 2021. O número ficou abaixo da taxa de sucesso global, de 35%.

"Também identificamos uma correlação entre retorno financeiro e o sucesso da transformação digital: no Brasil, as empresas que atingiram todos os objetivos das transformações conseguiram, em média, o dobro do retorno financeiro na comparação com as outras", analisa Otávio Dantas, diretor-executivo e sócio do BCG e líder da prática de Technology Advantage no Brasil.

A maior parte dos respondentes brasileiros (84%) afirmou ainda que o foco estratégico das transformações digitais é voltado para a mudança das jornadas dos clientes, seguida por inovar o modelo de negócio da empresa (82%), aumentar as vendas e participação de mercado (76%) e desenvolver ecossistemas e parcerias digitais (74%). Por último, ficaram a digitalização das funções de suporte (45%), das operações e a manufatura (45%) e as melhorias na cadeia de suprimentos (34%).

Covid-19 segue como principal motivador das transformações digitais
A pesquisa reforçou a constatação de que a COVID-19 foi a principal motivadora das transformações digitais no Brasil, segundo 31% dos respondentes. Outros motivadores foram a necessidade de mais receita (23%), mudanças no comportamento do consumidor ou de tendências do setor (18%), pressão para inovar motivada pela inovação de outras empresas (18%) e, por último, a necessidade de cortar gastos (10%).

Globalmente, a COVID-19 também liderou entre os principais fatores para 24% das pessoas, empatada com as mudanças no comportamento do consumidor ou de tendências do setor. Depois delas, se destacaram a necessidade de cortar gastos (21%), seguida pela pressão das inovações de outras empresas (17%) e a necessidade de mais receita (14%).

"Mesmo com uma melhora nos indicadores da pandemia impulsionada pela vacinação, a COVID-19 continua impactando os consumidores e as empresas, mantendo elevada a demanda por digitalização e inovação. Isso é refletido, por exemplo, nos objetivos estratégicos dessas transformações: vemos empresas cada vez mais preocupadas com a jornada de compra dos clientes e em aumentar a colaboração e relevância de suas participações nos ambientes digitais. São legados que a crise nos deixa mesmo após quase dois anos de seu início", analisa Dantas.

ESG entra no radar

As iniciativas ESG (ambientais, sociais e de governança) começam a despontar como motores dos processos de transformação digital. Cerca de 41% das empresas brasileiras acreditam que elas são um elemento crítico nesses processos e 90% já tem iniciativas de sustentabilidade em andamento. Por outro lado, só 8% das brasileiras sinalizaram que ESG é um foco prioritário de suas transformações digitais, abaixo da média global de 24%.

"Já vemos as empresas pensando em ESG em suas transformações digitais — boa parte acredita que é importante e a grande maioria já tem iniciativas do tipo em andamento. Apesar disso, notamos que são poucas as transformações que tratam o tema como prioridade, especialmente no Brasil. Com a urgência crescente das mudanças climáticas e com os novos acordos firmados pelos setores público e privado na COP26, acreditamos que essas demandas vão entrar de vez na agenda corporativa, especialmente no caso de empresas brasileiras que pretendem reforçar a presença no mercado global, sobretudo em países desenvolvidos", avalia o executivo do BCG.

Trabalho remoto e infraestrutura de TI são habilitadores; IA fica para trás
Para permitir que as equipes realizem a transformação digital, a maioria das empresas brasileiras acredita que o trabalho remoto e novas formas de trabalhar são as mais efetivas (85%). Já no lado da tecnologia, a infraestrutura de TI foi a mais recomendada, citada por 74%, enquanto só 38% acreditam que a inteligência artificial poderia ajudar no processo.

Como realizar uma transformação digital de forma adequada

Para o sucesso de uma transformação digital, o BCG recomenda seis passos essenciais.

Confira as sugestões da consultoria:

1. Criar uma estratégia com objetivos claros e passos bem definidos.

2. As lideranças precisam estar comprometidas, dos gerentes até o CEO.

3. A liderança deve identificar os principais talentos da empresa para conduzir a transformação.

4. Adotar uma mentalidade de governança ágil, que facilita superar obstáculos e mudar de rotas durante o processo.

5. Monitorar o progresso da transformação para que ela alcance os objetivos mapeados.

6. Adotar uma tecnologia moderna, com desempenho seguro e escalável, que permite mudanças rápidas e se integre facilmente ao ecossistema do negócio.

Metodologia

O BCG avaliou 860 transformações digitais de empresas de diversos setores no mundo todo, 39 delas no Brasil, a partir de entrevistas com executivos de alta liderança. A maior parte das empresas brasileiras analisadas (70%) tem faturamento anual maior do que US? 1 bilhão e os executivos consultados incluem: 38% C-Level, 31% executivos de alta liderança (VP ou acima), 23% CEOs e 8% de membros de conselho.

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