A BlackBerry anunciou nesta segunda-feira, 4, que firmou acordo com a Fairfax Financial Holdings, que detém cerca de 10% das ações da fabricante canadense de smartphones, em que esta se compromete a investir, junto com outros acionistas, US$ 1 bilhão na companhia por meio da emissão de debêntures conversíveis em ações. Com o aporte, o grupo financeiro passará a deter 16% do capital acionário da BlackBerry.
A transação significa, em termos práticos, o fim da procura da empresa por compradores, frustrando, assim, as expectativas do mercado, que aguardava com ansiedade a venda da empresa para a própria Fairfax, que havia assinado carta de intenção de compra no valor de US$ 4,7 bilhões, ou por outro interessado — a chinesa Lenovo era outra candidata a assumir o controle da BlackBerry, já que teria assinado um acordo de confidencialidade que a permitia analisar as contas da fabricante canadense.
Conforme os termos do novo rearranjo, a BlackBerry vai emitir US$ 1 bilhão em debêntures conversíveis em ações, que serão subscritas pela Fairfax, a qual concordou em adquirir US$ 250 milhões das debêntures, e por outros investidores, que comprarão o restante. O preço de conversão dos títulos em ações será de US$ 10, o que representa um prêmio de 28,7% em relação ao preço dos papéis no fechamento da Nasdaq na última sexta-feira, 1º. A transação está prevista para ser concluída dentro das próximas duas semanas.
Além de deixar claro que não está mais à procura de compradores, a BlackBerry divulgou que, com a conclusão da transação, seu atual CEO, Thorsten Heins, deixará o comando da empresa, para dar lugar ao interino John Chen, que exercerá a função enquanto a companhia completa o processo de busca por um novo presidente-executivo. O acordo também prevê que Prem Watsa, presidente da Fairfax Financial, tenha assento no Conselho de Administração e integre a diretoria da empresa.
"O anúncio de hoje representa um expressivo voto de confiança na BlackBerry e em seu futuro, por meio desse grupo de investidores proeminentes e de longo prazo", comentou Barbara Stymiest, presidente do conselho da BlackBerry.
No entanto, a notícia não foi bem recebida por Wall Street. As ações da empresa registravam queda de 14,67% às 12h26 na Nasdaq (no horário de Nova York), negociadas a US$ 6,63, menor cotação registrada nos últimos 30 dias e a mais baixa dos últimos três meses.