O diretor do FBI, a polícia federal norte-americana, disse na quarta-feira, 7, que os Estados Unidos concluíram que a Coreia do Norte, de fato, está por trás do ciberataque à base de dados da Sony Pictures Entertainment, que culminou no roubo de documentos e destruição de dados. De acordo com James B. Comey, foi possível chegar a essa conclusão porque os hackers não conseguiram mascarar sua localização quando invadiram os servidores da empresa.
Embora o ditador norte-coreano, Kim Jong-un tenha negado envolvimento nos ataques, Comey explicou que em vez de fazer o roteamento de alguns dos ataques e mensagens através de servidores que normalmente são usados como chamariz para despistar sua localização, os hackers enviaram diretamente para endereços de internet conhecidos na Coreia do Norte.
O diretor do FBI não forneceu mais detalhes sobre a prova, mas altos funcionários do governo americano disseram ao jornal New York Times que analistas do FBI descobriram que os hackers fizeram um erro crítico, entrando em suas contas no Facebook e nos servidores da Sony a partir de endereços de internet na Coreia do Norte. Segundo os funcionários, isso ficou tão evidente que os hackers rapidamente reconheceram o erro.
Em resposta aos questionamentos sobre por que os EUA pensam que os ataques partiram da Coreia do Norte, Comey disse que os hackers foram "desleixados" e depois tentaram cobrir seus rastros. A confirmação de participação da Coreia do Norte vem pouco mais de três semanas depois de o presidente Barack Obama ter acusado publicamente os norte-coreanos de autoria do ataque. Na semana passada, o governo americano impôs uma série de sanções contra altos funcionários norte-coreanos como retaliação pela ação.
Aval de general norte-coreano
Ainda que Comey não tenha citado diretamente o envolvimento do governo norte-coreano no episódio, o diretor de Inteligência Nacional dos EUA, James Clapper, foi mais assertivo e disse ter fortes suspeitas de que seu homólogo norte-coreano, o general Kim Chol Youn, esteja por trás do ataque à Sony Pictures.
Segundo o site de notícias Daily Beast, Clapper fez a declaração durante palestra na quarta-feira, 7, na Conferência Internacional sobre Segurança Cibernética, em Nova York, e explicou que, se o ataque partiu realmente da Coreia do Norte, o general Kim teria que autorizar a ação. "Kim é um general de quatro estrelas, que comanda o Birô Geral de Reconhecimento da Coréia do Norte Geral."
A acusão de participação do país no ciberataque se deve ao lançamento do filme "A Entrevista", com Seth Rogen e James Franco, cujo enredo é sobre um plano de dois jornalistas recrutados pela CIA para exterminar o líder norte-coreano. A Sony chegou a anunciar o cancelamento do filme devido às ameaças feitas pelo grupo de hackers autodenominado "Guardiães da Paz" (GOP), que reivindicou a autoria do ciberataque, de que às pessoas que fossem aos cinemas ver o filme correriam riscos, mas voltou atrás após duras críticas dos EUA.