Líder mundial na fabricação de chips para dispositivos móveis, a Qualcomm vai entrar na briga pelo mercado de microprocessadores para servidores, hoje dominado pela Intel. O anúncio foi feito pelo vice-presidente sênior da companhia, Anand Chandrasekher, na quinta-feira, 8, durante evento em San Francisco, na Califórnia, no qual mostrou o primeiro chip projetado por ela para computadores que controlam redes corporativas e funcionam como a espinha dorsal da internet.
Já em fase de pré-produção e disponível para testes por clientes e parceiros de negócios, o chip contém 24 núcleos de processamento e vai equipar servidores voltados para os mercados de data center de baixa potência e de computação em nuvem.
A Qualcomm está tentando oferecer uma alternativa para os processadores Intel para servidores de grandes data centers que fornecem computação através da internet, incluindo Google, Amazon.com e Facebook. Essas empresas utilizam seus próprios servidores, adquirindo-os diretamente dos chamados ODMs (original design manufacturer), montadoras de computadores que produzem equipamentos sob encomenda para outras empresas, a preços mais acessíveis que os de marcas consagradas, para executar software desenvolvido in-house.
Segundo Chandrasekher, essas montadoras são candidatas naturais a fornecedores alternativos, até porque são responsáveis por uma parcela cada vez maior do mercado de chips para servidores. "Não há uma alternativa real para eles neste momento", disse ele à Bloomberg. "Este é um bom momento para um novo fornecedor entrar."
Ampliando parcerias
A Qualcomm também anunciou parcerias com as fabricantes de chips Xilinx e a Mellanox Technologies. Ela estima que o novo mercado pode apresentar uma oportunidade de negócios de US$ 15 bilhões até 2020.
Na realidade, a diversificação do portfólio decorre do fato de o mercado de chips para dispositivos móveis estar enfrentando uma concorrência mais acirrada, tanto de pequenas empresas chinesas como a MediaTek até de gigantes como a Apple e a Samsung Electronics, que produzem seus próprios chips para smartphones.
Um sintoma imediato dessa concorrência é que a Qualcomm deve anunciar a sua primeira queda anual de vendas, desde 2009. O CEO Steve Mollenkopf está apostando em áreas fora da telefonia móvel para fazer a empresa crescer. Ele alega que os chips móveis já têm aplicações para quase tudo, desde carros a servidores, e, portanto, é preciso diversificar o portfólio.
O desafio para ir atrás desse lucrativo segmento de mercado, no entanto, não é pequeno, segundo analistas. Ao assumir um adversário como a Intel, que costuma esmagar seus pretensos concorrentes, a Qualcom sabe que não terá vida fácil. Apenas para se ter uma ideia, no segundo trimestre deste ano, a Intel obteveteve 99% do mercado de microprocessadores para servidores.
A Qualcomm está comprometida a gastar o suficiente para entrar no mercado de servidores e sabe que o retorno sobre os investimentos vai levar tempo, disse o presidente Derek Aberle, durante o evento. "Vai levar vários anos de investimento significativo, antes de vermos o retorno", disse ele. "Nós somos uma das poucas empresas que podem entrar no mercado de chip para servidores e entregar o que o as empresas necessitam."