Estudo feito pelo CESAR, centro de inovação que forma pessoas e impulsiona organizações, em parceria com o Automotive Business, demonstra que o segmento automotivo apresenta 66,15% de maturidade no ambiente de transformação digital, em uma escala que vai até 100% para organizações digitalmente maduras. O resultado é oito pontos porcentuais maior do que o apurado na edição anterior da pesquisa, realizada em 2019.
Para 72% dos respondentes, a pandemia impactou a transformação digital, antecipando melhorias de processos e a criação de novas soluções – que já estão sendo implementadas e trazendo resultados.
A análise foi baseada no ICTd – Índice CESAR de Transformação Digital e apresenta um retrato da percepção dos respondentes – 157 gestores de 131 empresas do setor automotivo – em relação a seus entendimentos, ações e estratégias de transformação digital. Foram analisadas ainda essas transformações a partir de oito dimensões de impacto, que envolvem aspectos internos e externos às empresas. São elas: Cultura & Pessoas, Consumidores, Concorrentes, Inovação, Processos, Modelos de Negócios, Dados & Ambientes Regulatórios e Tecnologias Habilitadoras.
Se destacam alguns outros avanços na transformação digital. Por exemplo, na dimensão cultura, em que o índice passou de 56,30%, em 2019, para 70,25%. "Houve uma melhora significativa em todos os quesitos, o que contrasta fortemente com a imagem de cultura hierárquica rígida, típica do setor automotivo", explica Eduardo Peixoto, CDO do CESAR.
A cultura colaborativa, multidisciplinar e horizontalizada, que já era uma tendência de alguns anos, ganhou força, impulsionada pela pandemia: o setor aumentou mais de 10 pontos percentuais nesta dimensão, desde a última pesquisa realizada em 2019. Outro aspecto que chama atenção é o crescimento de mais de 38 pontos no estímulo organizacional para que os colaboradores tenham espaço para dar opiniões e sugerir ideias alinhadas com a empresa, descentralizando um papel que antigamente era desempenhado exclusivamente pela alta gerência.
A estratégia centrada no consumidor também mostrou grande aumento. As organizações demonstraram um crescimento da preocupação em se tornarem mais orientadas a dados e, consequentemente, direcionar a tomada de decisão para o que apontam métricas e KPIs (indicadores chave de performance, em tradução livre).
Um bom parâmetro desse movimento é o aumento de mais de 14 pontos na indicação de que os canais digitais já têm métricas bem definidas e já é possível medir e acompanhar o desempenho de cada um deles. A busca pelo engajamento dos consumidores com as organizações também vem sendo intensificada, indicando uma aproximação deste público com as marcas nas redes e canais digitais. Além de ser um dos resultados mais expressivos apresentados na pesquisa (mais de 84%), esse indicador também aponta para um cenário bastante positivo, pois mostra o fortalecimento de uma cultura centrada no cliente.
Peixoto destaca que processos é uma das dimensões que apresentou um dos menores crescimentos em relação à pesquisa de 2019, o que deve ser um motivo de alerta para as empresas do setor automotivo. A pandemia impulsionou a necessidade por ambientes de colaboração cada vez mais digitais e, consequentemente, ampliou a procura por tecnologias que permitam a automação de processos de atendimento, escolha de produtos e até suporte a serviços, garantindo mais autonomia para o usuário e para o cliente final.
"Por outro lado, é um bom indicativo ver que a pesquisa continua apontando que a grande maioria das organizações – mais de 76% – reconhece a importância da automação dos processos para uma efetiva transformação digital, diminuindo atritos e esforços de atividade repetitivas", comenta o CDO.
No pilar de dados e ambientes regulatórios, cerca de 76% das empresas respondentes reconhecem que dados são bens valiosos e estratégicos para a organização, porém ainda falta estratégia para disponibilizá-los e difundi-los internamente.
O tema transformação digital ganhou relevância para a grande maioria das empresas respondentes da pesquisa. Mais de 60% dos respondentes afirmam que a transformação digital já faz parte do planejamento estratégico – sendo que pouco mais de 24% afirmam que já é prioridade máxima.