Brasil estuda instalação de condomínio de data centers para atender países do Mercosul

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O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, e o diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, Jorge Samek, estiveram reunidos na semana passada, em Foz do Iguaçu, para discutir a instalação de um condomínio de data centers no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). A ideia é transformar a região em um ponto de tráfego internacional de dados, conectando com banda larga os países do Mercosul.

Atualmente, toda a comunicação internacional do Brasil com outros países — incluindo os vizinhos Paraguai e Argentina — passa por Miami, nos Estados Unidos, via banda larga ou por cabos submarinos. Com o condomínio de data centers, esses dados ficariam armazenados em território nacional, melhorando as condições de segurança e reduzindo os custos da operação.

Durante o encontro, Berzoini lembrou que o governo acabou de assinar a constituição de uma empresa para implantar cabos de fibra ótica entre o Brasil e a Europa, ligando Fortaleza a Lisboa — o que também vai reduzir a dependência em relação ao tráfego de dados com Miami. A constituição de um condomínio de data centers na região trinacional, formada por Argentina, Brasil e Paraguai, ajudaria, a fortalecer esse processo.

"Data centers de grande porte, que permitem pontos de troca de dados, garantem ao Brasil maior independência, maior segurança e, principalmente, menor custo. Você pode gastar menos para fazer essa troca de dados com outros países", disse Berzoini.

O ministro informou ainda que o acordo com Itaipu abre caminho para novas parcerias com outras empresas de energia, aproveitando o potencial das linhas de transmissão que contam com fibra ótica. "Nosso objetivo é ter parcerias com todo o setor elétrico para ter, efetivamente, a ampliação da capacidade de tráfego de dados no Brasil, tendo internet de banda larga com grande velocidade e preço acessível."

O diretor-geral brasileiro de Itaipu Jorge Samek lembrou que a linha de transmissão de 500 kV ligando Itaipu à Grande Assunção, no Paraguai, inaugurada em 2013, foi construída dotada de fibra ótica, visando justamente a interconexão futura de dados entre os países. "Cada vez mais os países vêm se integrando e o Mercosul é um exemplo disso. A ferramenta que ajuda muito nesse processo é a comunicação."

O chefe da Assessoria de Informações de Itaipu, Carlos Roberto Sucha, explicou que o grupo de trabalho formado para discutir a viabilidade do condomínio de datacenters trabalha em cinco frentes: fornecimento de energia para o sistema, infraestrutura, telecomunicações, questões normativas e localização.

Em relação ao espaço físico, a ideia é que o condomínio tenha capacidade para abrigar cinco data centers. Cada um deles deverá ocupar uma área de 2,7 mil metros quadrados, com 1,5 mil metros quadrados de área construída. Segundo Sucha, a infraestrutura de fibra ótica da linha de 500 kV poderá acelerar o processo de formação do condomínio.

"Quando a gente incentiva a instalação de um condomínio de datacenters no território nacional, significa que esses dados estão dentro do nosso território, com o modelo de proteção que a gente estabelece. Isso é muito importante para o país", afirmou.

Outro assunto discutido no encontro foi a interação do Programa Cidades Digitais, do Ministério das Comunicações, com a estratégia regional de desenvolvimento territorial, baseada no Programa Oeste em Desenvolvimento – que abrange os 54 municípios da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop).

O tema foi apresentado pelo assistente da Direção Geral de Itaipu, Herlon Goelzer de Almeida, que representa a empresa na coordenação do programa regional. Herlon propôs ao ministro sugestões para incrementar o programa federal e facilitar a comunicação entre os municípios da região trinacional.

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