Autoridades alemãs e russas estão investigando executivos da HP por supostamente terem pagado milhões de dólares em subornos para obter um contrato na Rússia, conforme informaram fontes que estão envolvidas com o assunto ao The Wall Street Journal. Promotores públicos alemães teriam encontrado indícios de que executivos da HP pagaram cerca de 8 milhões de euros (o equivalente a US$ 10,9 milhões) em suborno para ganhar um contrato de 35 milhões de euros, para o fornecimento de sistemas de computação ao escritório da Procuradoria Geral da Federação Russa, por intermédio da filial da empresa na Alemanha. O escritório lida com processos criminais na Rússia, incluindo muitos casos de corrupção.
Nesta quarta-feira, 14, investigadores russos invadiram os escritórios da HP, em Moscou, em busca de provas, disseram as mesmas fontes ao jornal americano. A busca foi solicitada por autoridades alemãs, segundo um informe publicado no site do Ministério Público russo.
Um porta-voz da HP disse tratar-se de "uma investigação de conduta", alegando que o suposto suborno ocorreu há quase sete anos e que grande parte dos funcionários envolvidos já não está mais na empresa. "Nós estamos cooperando totalmente com as autoridades alemãs e russas, e continuaremos a realizar nossa própria investigação interna", disse ele.
Os promotores públicos alemães investigam um possível desvio de recursos pelos executivos da HP, por meio de uma rede de empresas de fachada e contas em paraísos fiscais na Grã-Bretanha, Áustria, Suíça, Ilhas Virgens Britânicas, Belize, Nova Zelândia, bem como em países bálticos, como Letônia e Lituânia, e nos estados de Delaware e Wyoming, nos EUA, de acordo com documentos de investigação apresentados a um tribunal alemão, aos quais o The Wall Street teve acesso.
O contrato da HP com o escritório da Procuradoria Geral da Federação Russa envolvia o fornecimento de um sistema de computação de última geração, projetado para possibilitar comunicações seguras aos promotores de toda a Rússia. O contrato inclui uma variedade de hardware, como notebooks, workstations e servidores.
Fundo de suborno
Um porta-voz da promotoria em Dresden, que está conduzindo a investigação na Alemanha, disse que as autoridades estão examinado as acusações de abuso de confiança, fraude fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, desviado das contas da HP para criar um "fundo de suborno".
As diligências feitas pelos promotores alemães poderão levar a uma investigação paralela pela Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais norte-americano similar a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil. A SEC poderá enquadrar os funcionários e a empresa na lei americana contra a prática de corrupção no exterior, que proíbe empresas dos EUA de pagarem subornos a funcionários públicos estrangeiros. A agência também exige que as empresas divulguem investigações importantes e as encaminhem. A HP não informou a investigação alemã à SEC. Ela apenas fez menção, em comunicado datado de 11 de março, a seus investidores que "em muitos países estrangeiros" práticas comerciais ilegais são "comuns", salientando que tais ações, "em violação de nossas políticas… poderia ter um efeito material adverso sobre nossos negócios e reputação".
A HP disse que considera os comunicados à SEC em conformidade com a legislação dos EUA e disse que está acompanhando o inquérito e vai informar o órgão sobre qualquer acontecimento considerado "material".
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