No começo de junho, a conceituada Brown & Wilson publicou um estudo que coloca o Rio de Janeiro entre os dez lugares mais perigosos para outsourcing no mundo. Não concordo! Não se trata de adotar uma visão ufanista sobre o assunto, o fato é que, apesar de alguns reveses em termos de segurança pública, a capital fluminense conta com ótima infraestrutura de internet, telefonia, instalações e rede elétrica, além de diversos aspectos que facilitam os trabalhos de automatização para BPO.
O "ranking do mal" para o outsourcing, que levou em conta fatores como terrorismo, poluição e tensões geopolíticas, foi infeliz ao colocar a Cidade Maravilhosa ao lado de lugares como Mumbai, na Índia – onde metade da população vive em favelas e a infraestrutura é precária -, Jerusalém – com os eternos (e insolúveis) conflitos em torno da faixa de gaza -, entre outros lugares com situações de guerra civil declarada, intolerância étnica e/ou religiosa ou coisas do gênero, o que não acontece no Rio.
Com as incertezas trazidas pela crise e a necessidade de racionalizar custos, sem perder o foco na estratégia, o outsourcing passou a ser a opção mais viável tanto para empresas nacionais como para multinacionais de todos os portes, e o Rio de Janeiro (assim como a maioria das cidades brasileiras) tem condições bastante competitivas para ganhar concorrências em BPO.
Com a menor dependência do País em relação a outros mercados e a cotação do real a um valor ainda conveniente para exportadores e importadores, as portas de outros países estão escancaradas para o outsourcing brasileiro, sétimo maior mercado interno de TI do mundo.
Outro aspecto deixado de lado pela pesquisa é o fator "escândalo". Ao mesmo tempo em que empresas de outros países, sobretudo da Índia, vista como a meca do outsourcing, estiveram envolvidas em fraudes, as empresas brasileiras mantiveram a imagem de idoneidade e credibilidade no mundo.
As empresas brasileiras têm mais competência que americanas, européias e asiáticas para o desenvolvimento de tecnologia de Recursos Humanos. O cenário é altamente positivo e o único gargalo para a expansão de nossas companhias no mercado internacional é o alto custo dos serviços, que, se forem minorados pela lei que prevê a desoneração da folha para as empresas de TI, vão deixar cenário do outsourcing ainda mais lindo para o Rio e o Brasil.
* Manoel Rocha é diretor de Tecnologia da Apdata do Brasil
- Manoel Rocha, da Apdata