People Analytics, ciência e a psicologia organizacional – o tripé do novo recrutamento  

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O caminho que algumas empresas estão trilhando para abraçar o futuro, começa a ser mais nítido. A transformação digital e cultural passou a fazer parte da rotina do RH, que teve a coragem e desapego das antigas formas de recrutamento, e isso requer mudança de mentalidade, ao passo que motivados por uma visão ampla e menos enviesada, estão seguindo uma jornada inclusiva para todas as pessoas. Estes times de recrutamento já entenderam que vivem o futuro e estão "abrindo mão" de alguns pré-requisitos na escolha de candidatos – antes cobrados e exigidos, como domínio do inglês, faculdades de primeira linha, certificações e experiências. Esses, entre muitos outros fatores, barram grande parte da população aos processos seletivos.

Pouco a pouco, esses profissionais de RH têm percebido, graças aos novos métodos de recrutamento, que avaliar um talento somente pelo seu currículo, ignorando seu perfil cultural e comportamental, pode eliminar muitas pessoas com potencial. Além da exclusão, afeta diretamente os índices e planos de ampliação de diversidade, como por exemplo, para jovens pretos, pessoas trans, pessoas PCD, e muitas outras.  O Brasil é um país desigual, economicamente e de oportunidades, e precisamos falar sobre isso para que essa realidade seja transformada, melhor e justa.

Paralelamente, muito se discute sobre o uso da tecnologia no R&S, e a importância de tê-la como aliada do RH, e não como uma inteligência programada, excluindo a humanização. No mesmo ritmo em que a área se torna cada vez mais estratégica e ágil para as empresas, as contratações de novos talentos exigem, em mesma escala, a utilização de métodos inteligentes e com embasamento científico. O mapeamento cultural, por exemplo, é uma excelente ferramenta para ajudar as empresas na busca de profissionais com estilo de trabalho semelhante aos delas. Isso proporciona um aumento do sucesso nas contratações e valoriza profissionais que combinam culturalmente com as contratantes.

O "futuro" sempre parece muito distante, mas esse é o RH do futuro, e as empresas que não acompanharem essa transformação, tanto tecnológica quanto cultural, estarão em constante retrocesso. Com os recentes desafios que a pandemia impõe, fica nítido o quanto a digitalização tem ajudado nas contratações à distância. A tecnologia é essencial nas relações e vital para o sucesso do recrutamento e seleção, sendo possível contratar talentos em todo País, ou seja, a barreira geográfica já foi superada.

Uma pesquisa realizada pela?Kenoby, em janeiro deste ano, com analistas de RH, coordenadores gerentes, diretores, business partners, presidentes, CEOs, sócios, entre outros cargos, mostrou que a maioria das empresas, no Brasil, pretendem investir em tecnologias para tornar o RH mais estratégico. O levantamento mostrou que 38,8%, ainda analisam a possibilidade, 15% disseram não ser uma prioridade e 45% apontaram já ter um planejamento para isso acontecer. A pesquisa revelou, ainda, o quão tecnológico ou automatizado já é o RH. Cerca de 59% dos respondentes disseram ser "mais ou menos tecnológicos e/ou automatizados", 20% afirmaram não ser nem um nem outro e apenas 19% disseram ser totalmente tecnológicos.

Contratação à base de dados, e menos vieses

Observando o movimento do mercado, o recrutamento será cada vez mais baseado em dados e, principalmente, nas habilidades individuais de cada candidato, relacionando capacidades pessoais às necessidades empresariais. Unindo perfis que tenham uma cultura mais próxima das empresas, cria-se conexões, deixa-se de lado pré-julgamentos, os vieses inconscientes, características físicas ou técnicas no currículo para possibilitar novas contratações. Quando o processo seletivo é baseado em estudo e metodologias ágeis e não somente em currículo, dinâmicas, ou recomendações de profissionais, a pessoa candidata já tem um ganho, pois ela será avaliada por outros critérios, dessa vez, com reais embasamentos. A transformação digital permitiu essas novas formas de recrutar e, por isso, o currículo deixa de ser fator essencial e é tão somente complementar ao processo.

Utilizar as avaliações culturais, comportamentais e técnicas, e não apenas considerar faculdades ou experiências anteriores, reflete em possibilidades abertas para todas as pessoas, e não só para as que preenchem um tal requisito, maioritariamente, feito por uma pequena parcela social. Isso é contratar e recrutar sem viés, e os benefícios são claros: mais diversidade, melhores resultados e menos turnover. Um recrutamento que é baseado no processo científico e humano, capaz de fazer o match perfeito entre empresa, vaga e talento, além de trazer precisão aos processos, valoriza o potencial individual.

O foco sai do currículo e vai para a pessoa, com suas análises de fit cultural, fit técnico e soft skills do futuro. O RH agora tem agora dados valiosos nas mãos (People Analytics), que ajudam a tomar decisões mais precisas. É um sinalizador de caminho de onde e para onde o RH está indo e pode chegar e com quem querem chegar. Esse é o movimento, e o futuro já chegou!

Felipe Sobral, diretor de marketing da Kenoby.

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