Ciberataques ameaçam o mundo constantemente, e é fácil perceber como eles influenciam o cotidiano das pessoas em diversas esferas, tanto no âmbito público quanto no privado. A prevenção a esses tipos de ataque demanda um investimento constante na formação e capacitação de profissionais – um ponto que deve se desenvolver nos próximos anos, especialmente se analisarmos o panorama atual da cibersegurança em âmbito global.
Um estudo recente do (ISC)², instituto focado em educação e certificações profissionais em Segurança da Informação e Cibersegurança, aponta que há cada vez menos especialistas nessa área, que chega a quase 3 milhões de profissionais no mundo.
Remediar esse cenário depende de diferentes fatores, mas é possível contar com o auxílio da própria tecnologia para acelerar a corrida rumo ao conhecimento sobre segurança virtual, com um modo cada vez mais dinâmico de aprendizado. Nesse sentido, cursos online e programas avançados de estudos podem promover esse tipo de conhecimento para profissionais.
A inteligência artificial, por exemplo, é cada vez mais usada com esse fim. Além do impacto positivo já conhecido em áreas como saúde o setor financeiro, também pode ser uma aliada eficaz para o aprendizado e a cibersegurança.
Na Indra, nós criamos uma ferramenta chamada Cyber Range, que se adapta ao modo de aprendizagem do aluno e já foi testada por mais de mil profissionais das Forças Armadas, Batalhões e Forças de Segurança, órgãos oficiais, universidades e empresas de 50 países, com resultados de grande relevância.
Essa é apenas uma das iniciativas que está em andamento para capacitar novos profissionais para terem o conhecimento necessário e serem capazes de combater possíveis ameaças on-line. Recentemente, a Siemens e alguns parceiros lançaram uma carta de compromisso (o Charter of Trust) que exige normas e regras para aumentar a confiança na cibersegurança e avançar com a digitalização, por exemplo.
As iniciativas profissionais são importantes para fomentar a cibersegurança em nível corporativo, mas uma mudança estrutural, com a garantia de que essa demanda seja suprida, exige que a cibersegurança seja um tema presente desde a educação básica. Em um evento ocorrido recentemente no Brasil, o presidente da SaferNet Brasil afirmou que é necessário massificar uma cultura de educação digital desde os primeiros cliques.
Em um mundo cada vez mais conectado, é fundamental estabelecer parcerias com universidades e colégios, maximizando o conhecimento acerca dos riscos do mundo virtual, o que aumentará as chances de formar novos profissionais dedicados à área em médio e longo prazos.
Na Europa, por exemplo, a Minsait tem diferentes parcerias estabelecidas com a Universidade Carlos III, uma das principais de Madrid no desenvolvimento de tecnologias importantes que envolvem pontos desde usos inovadores de inteligência artificial até a elaboração de novas ferramentas e plataformas para aumentar a consciência acerca da cibersegurança em pontos como cidades inteligentes e avanço da IoT.
É claro que esse uso, investimento e parcerias estão condicionados às atividades exercidas por cada setor. O financeiro, por exemplo, por lidar frequentemente com operações de risco, tende a investir mais nesse tipo de qualificação profissional do que o setor público, por exemplo.
Ainda assim, é fundamental ter em mente que é necessário investir em cibersegurança, já que essa é uma das ferramentas mais poderosas para prevenir danos. Com a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) adaptada à operação brasileira, os investimentos devem se intensificar nos próximos anos – o que implicará em uma demanda cada vez maior de profissionais especializados na área. É uma oportunidade e tanto para que novos profissionais de tecnologia possam se desenvolver em um mundo totalmente novo e carente desse tipo de serviço.
Nesse cenário, mais organizações devem exigir treinamentos e graduações em segurança cibernética para CSOs e CISOs como forma de se protegerem contra possíveis ataques.
Wander Cunha, head da Minsait, uma compahia da Indra.