Mão de obra é maior entrave para desenvolvimento tecnológico do país, diz deputado

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Para o líder da Frente Parlamentar da Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação da Câmara dos Deputados, o principal entrave para o desenvolvimento tecnológico do país é a falta de mão de obra qualificada. Na opinião de Izalci Lucas (PSDB-DF) é preciso renovar o quadro de pesquisadores das instituições estatais de estímulo à pesquisa e incentivar o setor privado a assumir essa missão. "As ações de fomento à ciência nas instituições privadas precisam ser ampliadas e amadurecidas para que o empresariado se convença a investir em pesquisa", afirma. Ele falou com exclusividade com a reportagem de TI INSIDE Online sobre sobre os principais problemas envolvendo a capacitação e as proposta da Frente Parlamentar. Veja, a seguir, a entrevista com o deputado.

TI INSIDE Online: Na opinião do senhor, qual é o maior entrave para o desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil?
Izalci Lucas: Com certeza são os recursos humanos. Falta pessoal especializado em todas as áreas. Nossas carreiras nesta área não são atrativas, pois os estudantes não se sentem atraídos a seguir esse caminho. Temos que trabalhar e criar mecanismos tanto para aumentar nosso contingente de pesquisadores quanto para atrair de volta para o Brasil os brasileiros que atualmente atuam no exterior.

TI INSIDE Online: A inovação no Brasil é tradicionalmente ligada às universidades. Essa seria uma das razões da escassez?
Izalci Lucas: Certamente sim. Mais de 98% da inovação do país vem das universidade e dos centros de pesquisa públicos como o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Em todos os 19 institutos de pesquisa de alto nível do país há falta de pesquisadores, e o mesmo ocorre nas instituições de ensino superior. Os salários nesses lugares são baixos e não há estímulo a inovação. Além disso, na grande maioria dos casos, não são feitos concursos há muitos anos.

TI INSIDE Online: Por que a inovação no setor privado não decola?
Izalci Lucas: O Brasil tem uma cultura de que lugar de ciência é na academia. Os empresários não têm estímulos para investir em inovação tecnológica. As políticas nesse sentido ainda são muito recentes, então é muito cedo para que toda uma história de desenvolvimento tecnológico concentrado nas universidades seja superada. As ações de fomento à ciência nas instituições privadas precisam ser ampliadas e amadurecidas para que o empresariado se convença a investir em pesquisa.

TI INSIDE Online: Os investimentos em ciência e tecnologia no Brasil em geral foram focados em áreas como saúde e meio ambiente. Setores como informática e comunicações vêm ganhando mais espaço?
Izalci Lucas: Neste ano, pela primeira vez, o país recebeu mais alunos em cursos de Engenharia do que em Direito. Isso é um sinal de que as grandes deficiências de profissionais em áreas como matemática, física, computação estão caminhando para ser superadas. Isso é, contudo, um processo longo. É preciso garantir que isso perdure e que a área seja atraente para esses alunos quando eles se formarem.

TI INSIDE Online: Quais seriam as principais metas para a Frente Parlamentar neste ano?
Izalci Lucas: Neste ano, vamos trabalhar intensamente para a aprovação do Código Nacional de Ciência, Tecnologia & Inovação. Essa é uma das razões da criação da frente parlamentar. O novo código vai mudar a forma como se faz ciência no país. Vai desburocratizar a produção científica e estimular a pesquisa e a sua transferência para o mercado. Na nossa percepção, o país tem capacidade de inovar muito mais. Precisamos, contudo, de leis que estimulem esse processo, e não o freie, como acontece hoje.

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