O atleta norte-americano Mark Allen tinha uma estratégia bem definida para vencer o Ironman, uma das principais competições de triatlo do mundo: ser o mais rápido. Afinal, o vencedor é quem chega primeiro. Após fracassar em algumas tentativas, Allen decidiu seguir o conselho do médico e treinador Phil Maffetone. Em vez de treinar rapidez, passou a priorizar a resiliência e resistência. Como resultado, tornou-se o maior campeão da história do Ironman, colecionando seis títulos.
O mesmo raciocínio deve ser aplicado para o Business Agility. De nada adianta buscar agilidade sem um propósito maior. A companhia, antes de tudo, deve entender o que espera atingir com o Business Agility e saber que, para que a ferramenta seja realmente efetiva, ela precisa estar presente em toda a organização e não apenas em times isolados, mas de uma forma sustentável.
Assim, para ajudar as empresas a desenvolverem a capacidade de se adaptar às demandas do mercado, com agilidade, listamos cinco pontos importantes:
1) O Business Agility tem que ser um movimento estratégico e deve abranger a empresa como um todo, para atender a um objetivo de negócio. Para isso, pensar na evolução da organização como um todo é um fator indispensável e imprescindível.
2) Uma característica essencial é o sense and respond. Perceber a movimentação do mercado, analisar as necessidades do momento e responder rapidamente são indícios de que uma empresa entendeu o que significa agilidade organizacional.
3) Outro item imprescindível é o reuso de ativos. Quando uma empresa é ágil, cada vez menos ela começa algo do zero. Em vez disso, reusa os ativos, adaptando os serviços e produtos atuais para ajustá-lo às necessidades que surgem.
4) Investir no design organizacional é outro fator a ser considerado. A dinâmica de funcionamento da empresa é determinante para o sucesso de uma estratégia de Business Agility. Se o desenho das áreas não favorecer a geração dos atributos relacionados com a agilidade, o resultado será aquém do esperado.
5) A agilidade tem que ser medida. Cada organização precisa encontrar métricas e indicadores robustos para mensurar o progresso. Somente medindo constantemente os resultados é possível corrigir as estratégias e avaliar se iniciativa está contribuindo para os negócios.
O cenário que vivemos hoje comprova que a resiliência é tão importante quanto a agilidade. Temos inúmeros exemplos de empresas que rapidamente chegaram às primeiras posições do ranking de preferência dos consumidores e, tempos depois, começaram a apresentar resultados questionáveis.
Por outro lado, também convivemos com casos de empresas tradicionais que, mesmo durante a pandemia de Covid-19, souberam se reinventar e aproveitar as oportunidades, lançando produtos e serviços inovadores com base no que já realizam ou vendem há tempos.
Nada indica que isso irá mudar no futuro. Assim, antes de investir na estratégia de Business Agility, é necessário que os tomadores de decisão estudem o ambiente em que sua empresa está inserida e entendam de que forma isso irá realmente contribuir com os objetivos estabelecidos. Para essa missão, é indicado contar com especialistas de credibilidade e experiência, que sejam capazes de identificar as principais dores e, ao mesmo tempo, estejam dispostos a respeitar a história da organização e aproveitar o legado antes de indicar estratégias de evolução.
O mais importante não é o tempo que você leva para chegar ao topo e sim quanto tempo é capaz de permanecer lá. Assim como Mark Allen, as empresas bem sucedidas no futuro serão as com maior resiliência, e não necessariamente as mais ágeis.
Alcebíades Araújo, head de Cultura do Grupo Squadra.