A Brasil Telecom mudou de gestão, mas não houve nenhuma mudança significativa de estratégia. Isso ficou claro com a apresentação de Ricardo Knoepfelmacher ao setor de telecomunicações nesta terça, 25, durante a Futurecom. As primeiras linhas de ação da empresa sob o novo comando, que assumiu no lugar do Opportunity há apenas três semanas, são bem próximas do que já vinha sendo feito. A principal mudança foi gerencial, com a concentração de algumas atividades sob a estrutura de comando da empresa. Assim, a área de celular, que funcionava de forma quase independente da Brasil Telecom operadora, passou a ser uma unidade da vice-presidência de operações. Da mesma forma, os serviços de Internet (iG, iBest e BRTurbo), que estavam dispersos, passam a compartilhar estruturas. Knoepfelmacher diz que as mudanças foram feitas sobretudo para que a empresa possa explorar melhor o potencial convergente, com pacotes combinados de serviços. Também serão buscadas a unificação de sistemas da empresa. A estratégia para cada um dos segmentos é a seguinte. Na área fixa, a idéia é defender território, promovendo a convergência fixo-móvel, introduzindo serviços de VoIP e avaliando os novos desafios regulatórios. Na área de telefonia móvel, o foco da BrT é a rentabilidade do serviço, e os desafios são conquistar mercado onde a penetração já é alta, conseguir escala e manter investimentos em rede. Na parte de dados, a Brasil Telecom quer conseguir o retorno do que investiu, e para isso deve aumentar a penetração em banda larga, enfrentar a crescente competição e se ajustar a futuras plataformas concorrentes. Na área de convergência, a empresa se coloca como meta fazer isso acontecer, e os desafios são a busca pelo cliente convergente, a integração das tecnologias e plataformas e a integração da organização. O que Ricardo K., como gosta de ser chamado, pondera, é que tudo isso deverá ser feito com transparência e ética. Aí é o único ponto em que fica implícita sua avaliação sobre a gestão anterior, crítica essa que não é feita publicamente pelo dirigente.
Esta foi uma primeira apresentação de Knoepfelmacher para a indústria de telecomunicações, mas ele mesmo admite que diretrizes mais claras, com os parâmetros esperados de crescimento e a orientação financeira da companhia só estarão claras em dezembro, para quando está sendo programada uma apresentação especial para o mercado.
VoIP
O serviço de VoIP da Brasil Telecom será lançado no final do ano. A empresa reconhece que ele não é um serviço para levar a BrT a outras áreas. Aliás não está sequer definido se a Brasil Telecom permitirá ao usuário do serviço de VoIP transportar o terminal IP para outras redes banda larga. O que a Brasil Telecom busca é aumentar a atratividade do serviço de banda larga. Fontes próximas admitem, contudo, que a estratégia passa também por uma defesa do mercado de longa distância. A operadora está avaliando o perfil de consumo de longa distância de seus usuários. A partir de um determinado patamar, a Brasil Telecom passará a considerar o usuário como potencial comprador. Assim, a idéia é fazer com que aquele cliente, que usa o serviço de longa distância de um concorrente, passe a fazer as ligações por IP, pagando tarifa local e evitando a interconexão com outras operadoras, já que o tráfego será IP até o destino final.
Ricardo K. também ponderou que a regulamentação, como está hoje, não prevê a proteção do operador que investiu na rede banda larga contra serviços de VoIP de empresas concorrentes. "é meio estranho pensar que a nossa rede sirva para que outros vendam produtos. Não estamos bloqueando o acesso a nenhum serviço, mas não acho absurdo que isso seja feito".
TV sobre IP
A Brasil Telecom, segundo Ricardo K., está pronta para oferecer serviços de vídeo, mas não pretende fazê-lo enquanto não houver uma clara definição regulatória sobre o problema. "Acho que o Fernando Xavier, da Telefônica, tem um bom ponto quando coloca que alguns serviços podem ser oferecidos, como vídeo sob demanda, e estamos analisando a posição que eles defendem, mas não temos uma definição".