Computadores fabricados pela chinesa Lenovo foram banidos das agências de inteligência e serviços secretos da Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia por conta de preocupações com a vulnerabilidade da segurança. Segundo o jornal Australian Financial Review, a proibição ocorreu em meados dos anos 2000, quando um teste intensivo de laboratório detectou a existência de uma "backdoor" (porta dos fundos, em tradução livre) e vulnerabilidades no firmware (interface entre o hardware de um computador e seu sistema operacional) dos chips da Lenovo.
Ainda segundo o jornal australiano, membros da defesa britânica e australiana e comunidades de inteligência disseram que foram descobertas modificações mal-intencionadas no circuito da Lenovo, que poderiam permitir o acesso remoto aos dispositivos sem o conhecimento dos usuários. Outra preocupação das agências é que a Academia Chinesa de Ciências, uma entidade governamental, possui 38% da Legend Holdings, que por sua vez detém 34% da Lenovo, o que a torna a sua maior acionista.
Em sua defesa, a Lenovo disse, por meio de comunicado, que não sabia da proibição, reiterando que seus produtos "foram definidos várias vezes como confiáveis e seguros por nossa empresa e clientes do setor público e nós sempre recebemos bem seu engajamento para assegurar que estamos satisfazendo as necessidades de segurança".
Esta não é a primeira vez que uma companhia chinesa é alvo de suspeitas de governos internacionais. As fabricantes de smartphones Huawei e ZTE foram acusadas, mais de uma vez, de produzirem aparelhos que apresentam ameaça à segurança dos países. O Comitê de Inteligência dos Estados Unidos chegou a emitir um relatório no fim do ano passado advertindo o governo e as empresas americanas a evitarem fazer negócios com as duas companhias devido a riscos de espionagem.