Serviços móveis podem ajudar a gerar valor com metas de desenvolvimento sustentável

0

Ajudar a promover a inclusão digital, a bancarização por meio de plataformas móveis e a educação podem ser um bom negócio, segundo defenderam especialistas durante painel na Mobile World Congress nesta terça-feira, 28, em Barcelona. Prova disso é que o diretor-executivo da Comissão de Negócios e de Desenvolvimento Sustentável, Jeremy Oppenheim, destaca que o atendimento às metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas podem gerar mais de US$ 12 trilhões em valor, com 377 milhões de postos de trabalho criados (166 milhões somente em ambientes urbanos) até 2030. "A maioria delas (das oportunidades) são disponíveis com tecnologia e mobile. São 60 hotspots (temas) globais que podem crescer de duas a três vezes mais rápido que a economia global", afirma.

Considerando somente o mundo móvel, ele diz que há oportunidades de "centenas de bilhões" com soluções automotivas. Serviços de rotatividade de carros poderiam gerar US$ 809 bilhões até 2030, e US$ 319 bilhões poderiam ser gerados com veículos elétricos e híbridos. Carros conectados permitiriam US$ 161 bilhões no período. "Olhe para os temas, veja quais são os mais próximos dos seus negócios e tente tomar um passo à frente", declara. Para tanto, recomenda foco em métricas, para poder ganhar escala, e pede que ajudem a promover a agenda da entidade.

Para o presidente e CEO da fornecedora NEC, Takashi Niino, é importante ressaltar que o apoio às metas de desenvolvimento sustentável não apenas é possível, como "produtivo". A companhia japonesa estabeleceu um programa interno com temas de valor sustentável, incluindo cidades inteligentes mais seguras e infraestrutura da comunicação, com base em três tecnologias que servem como base da transformação digital das empresas: inteligência artificial, redes de comunicação para conectividade em tempo real e computação.

Niino cita um caso de smart city na cidade de Tigre, na Argentina, onde uma solução de monitoramento com reconhecimento de imagem reduziu a taxa de roubos de veículos em 80% em cinco anos (até 2013), e permitiu que a lucratividade com o turismo tenha triplicado em igual período. Em Moçambique, a NEC utilizou uma solução de dinheiro digital (e-voucher) para agricultores melhorarem serviços, com distribuição mais inteligente, e aumentar a lucratividade. No Chile, a companhia criou uma solução biométrica para a entidade nacional que gerencia as merendas escolares, a Junaeb. "A solução permite à Junaeb checar se cada estudante receba os benefícios da merenda, e prevê fraude enquanto respeita direitos do usuário e privacidade", declara o executivo. A solução foi expandida de 30 mil estudantes iniciais para 4 milhões atuais. "A forma de realizar uma melhor sociedade com as metas de desenvolvimento é focar em transformação digital, que requer co-inovação e cocriação", conclui.

O fundador e chairman executivo do grupo de telecomunicações de Zimbabue, Strive Masiyiwa, mostra que no continente africano o desafio é além da conectividade básica. Ele diz que a iniciativa de mobile money no país não foi bem sucedida inicialmente, o que exigiu perseverança. "Você tem de deixar tempo para desenvolver, precisa ser uma experimentação social, permitir que falhe. Nós falhamos com o seguro móvel, inicialmente foi um fiasco porque tínhamos o modelo errado. Nós construímos, voltamos e conseguimos uma plataforma que floresceu", afirma. "Algumas coisas não são fáceis de executar, ainda mais de escalar", completa, ressaltando que reguladores não podem engessar essas iniciativas. A companhia, através da subsidiária over-the-top Kwesé, também se prepara para lançar uma plataforma "na qual a maioria dos serviços é móvel", com vídeos e transmissões esportivas.

 

* O jornalista viajou a Barcelona a convite da FS.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.