Já vimos isso diversas vezes no mercado de tecnologia, não é uma questão apenas das soluções de cloud computing. As tecnologias surgem para aumentar eficiência e gerar mais produtividade, mas do lado comercial nem tudo é tão simples assim, pelo contrário. Os modelos de negócio, embora tornem viáveis a adoção tecnológica, estão cada vez mais complexos e confusos aos olhos dos clientes desses serviços.
Com a crescente demanda por infraestrutura em cloud, os gestores de TI das empresas têm enfrentando duas grandes dificuldades: prever e controlar gastos com os recursos de nuvem. Mas por que isso está acontecendo?
Bom, podem existir vários fatores e diferentes pontos de vista, mas o "remédio pode estar virando veneno". Isso em relação aos chamados modelos Pay per Use,que é uma variação do modelo As a Service.
Para deixar claro, o modelo As a Service de forma bem simples e direta é contratar a solução de TI como um serviço mensal sem a necessidade de aquisição de nenhum tipo de ativo. Grosso modo, o prestador de serviço fica responsável pelo capex e oferece a solução como opex para o cliente final. Pois bem, mas sobre esse modelo vieram as variações de cobrança pelo uso (Pay per Use), que na teoria são mais justos, pois como o nome diz você só paga pelo que efetivamente usou. Porém, isso tem gerado uma complexidade de controle, gestão e faturamento, tanto pelos provedores como pelos clientes.
O serviço de computação em nuvem (Cloud) começou a ser cobrado em função da quantidade de recursos contratados, mas hoje muitos modelos cobram pelo tempo efetivo de utilização desses recursos e já há até modelos que abstraem a infra contratada e cobram pelo processamento em si – ou seja, o cliente paga pelo serviço de processamento das suas aplicações, independente da infra necessária para tal, ficando isso a cargo do provedor de serviço. Embora esse modelo ainda não esteja maduro no mercado, é um forte indicativo de que vem aí mais conveniência por um lado, mas maior imprevisibilidade do outro.
Não há defesa aqui para que tudo vire um valor só por mês e ponto final. Contudo, se colocados na mesa não só os insumos básicos de infra (como processador, memória e disco), mas todo o cardápio de funcionalidades – tais como banco de dados, recursos de inteligência artificial, machine learning, APIs, algoritmos, e outros – se cria um cenário onde é impossível o gestor de TI ter o devido controle e previsibilidade dos gastos nas plataformas de cloud.
E qual a solução?
Em primeiro lugar, os provedores de cloud computing precisam fazer um movimento de simplificação dos seus modelos de negócio. Isso vai facilitar a vida de todos e acelerar ainda mais a adoção de modelo de cloud para as empresas. Enquanto isso, há algumas alternativas interessantes, como o modelo de cloud privada, que é um bom caminho quando se tem volume para tal. Quando não aplicável, a empresa vai precisar fazer uma gestão ativa dos recursos contratados, de forma direta ou via terceiros. Já existe no mercado oferta de serviços de consultoria e gerência da infra de cloud, onde toda gestão dos recursos, performance operacional e controle de gastos são geridos por uma equipe especializada.
A tendência é justamente o crescimento da demanda por esse tipo de gerência, onde as empresas vão focar cada vez mais nas suas aplicações e decisões de negócio, deixando a gestão da infra de cloud nas mãos de especialistas. Hoje a discussão é cada vez menos sobre a tecnologia e mais sobre o negócio, pois essa é a verdadeira essência do modelo "As a Service", onde o cliente contrata um serviço completo para que a TI seja de fato um facilitador, fazendo com que a empresa só se preocupe com o que realmente importa: o seu negócio!
Leonardo Menezes, gestor de Produtos e Ofertas TI.
PARABÉNS pelo artigo. Um resumo consistente dos desafios da gestão da Cloud.