Empresas de TI americanas já sentem reflexos das turbulências dos EUA com China e Rússia

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Se já não bastasse o anúncio feito na semana passada da parceria estratégica russo-chinesa para constituição de um fundo conjunto de US$ 200 milhões, que visa a criação de uma incubadora de empresas de tecnologia, um centro de robótica e um fundo de capital de risco, os EUA veem agora aumentar a pressão das empresas de tecnologia norte-americanas, que têm enfrentado reflexos econômicos desastrosos devido as delicadas relações políticas e comerciais com os dois países.

Desde maio do ano passado, quando o Departamento de Justiça dos EUA indiciou cinco oficiais do Exército chinês, acusados de roubo de segredos industriais e comerciais corporativos, Pequim intensificou a pressão sobre as empresas americanas. Apple, Google e Microsoft têm sido os alvos preferencias das "retaliações" do governo chinês e das críticas dos meios de comunicação estatais.

Recentemente, durante uma conferência com analistas de mercado, o CEO da Cisco Systems, John Chambers, disse que a empresa continua enfrentando inúmeros desafios para vender equipamentos de rede na China, o que acarretou em uma queda de 19% nos negócios naquele país no último trimestre.

A fornecedora de soluções de armazenamento e gerenciamento da informação EMC, por sua vez, atribui às dificuldades de fazer negócios na China, assim como na Rússia, o déficit registrado em seu principal negócio, dizendo que as vendas mais baixas do que o esperado "se deviam ao aumento do controle nas compras de tecnologia dos EUA por órgãos desses governos e do setor de serviços financeiros", segundo a Bloomberg News.

A China pretende estabelecer novas regras para a compra de produtos e serviços de empresas de tecnologia pelos bancos do país, o que, se confirmado, vai prejudicar ainda mais os negócios das companhias do setor. Estimativas apontam que o mercado de tecnologia bancária da China deve movimentar cerca de US$ 20 bilhões em 2017.

Em agosto do ano passado, funcionários do governo chinês invadiram quatro escritórios da Microsoft no país por suspeita de violação de leis locais. O departamento responsável pela indústria e pelo comércio da China alega que a fabricante de software sonegou impostos no valor de US$ 150 milhões. Além disso, Pequim também excluiu o Windows 8 da lista oficial do governo como opção de compra. Nos dois últimos trimestres, a Microsoft informou que questões geopolíticas na China estão prejudicando as vendas, e diz não esperar que as condições se alterem neste trimestre.

Uma investigação antitruste sobre a fabricante de chips móveis Qualcomm terminou com a aplicação de uma multa de US$ 975 milhões e na assinatura de um termo no qual se compromete a licenciar sua tecnologia para fabricantes de smartphone chineses. Dois meses depois, Qualcomm reportou ter obtido progressos em seus negócios na China. No informe de resultados dilvugado no dia 22 deste mês, a companhia anunciou que está assinando novos acordos de licenciamento no país, que deverão garantir futuros negócios.

Frio siberiano

As relações turbulentas dos EUA com a Rússia estão deixando muitas empresas de tecnologia americanas numa espécie de "frio siberiano". O conflito entre Ucrânia e Rússia, que é acusada de apoiar os rebeldes que querem anexar o leste da Ucrânia ao território russo, e as sanções decorrentes impostas pelo presidente Barack Obama, resultaram em grandes perdas para as companhias.

Para dar uma ideia do tamanho do prejuízo, basta lembrar que HP, IBM, Microsoft, Oracle, SAP e Cisco obtiveram, juntas, receita de US$ 8,1 bilhões na Rússia em 2013, sendo que a HP e a IBM responderam por cerca de 78% das vendas totais, de acordo com estimativas da Academia Russa de Ciências.

A Rússia agora está investindo no sentido de diminuir a dependência de empresas de software estrangeiras, em resposta às sanções, e também para se precaver contra a espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, de acordo com documentos vazados pelo ex-técnico colaborador NSA, Edward Snowden.

No início deste mês, o ministro das Relações Exteriores Nikolay Nikiforov assinou uma portaria para substituir os softwares feitos fora da Rússia até 2025. Isso é uma má notícia para HP, IBM, Microsoft, Cisco e Oracle, bem como para a alemã SAP que, em 2013, obteve receita de 285 bilhões de rublos (o correspondente a US$ 81 bilhões) na Rússia, também de acordo com estimativas da Academia Russa de Ciências.

Empresas norte-americanas como a Microsoft e a EMC estão sentindo o aperto. Durante a divulgação de seu balanço na semana passada, a EMC disse que a economia russa e os negócios no país afetaram o lucro no último trimestre. Em fevereiro, o diretor financeiro da HP, Cathy Lesjak, ressaltou os "desafios contínuos" na Rússia, "onde as questões políticas e econômicas em curso têm exercido impacto nos resultados da empresa".

Mesmo empresas menores, como F5 Networks, estão sendo pressionadas. "A Rússia é um wild card para todos nós. Devido ao ambiente político, não é tão fácil vender lá como foi alguns anos atrás", observou o CEO da F5, Manny Rivelo.

1 COMENTÁRIO

  1. O governo americano dando um tiro no pé com essas sanções ridículas impostas a Rússia prejudicando sua economia e sua empresas. A Rússia não é Cuba é outros 500.

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