CEF internaliza serviçcos estratégicos

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A direção da Caixa Econômica Federal assegura que esta não é uma tendência sistêmica no banco, mas o fato é que, nos últimos dois anos, a instituição vem promovendo um movimento consistente de internalização de seus recursos de tecnologia da informação, trazendo para dentro de casa a gestão de contratos milionários.
A primeira iniciativa neste sentido foi o sistema que controla a operação de penhor, atividade para a qual a Caixa tem a concessão com exclusividade no País. A maior delas foi a recente internalização do sistema de gestão das loterias, outra outorga exclusiva da instituição. E outras estão por vir: a instituição se prepara para assumir o gerenciamento dos cartões de crédito, hoje a cargo da Orbital, e a gestão dos contratos imobiliários, terceirizado para a Unisys.
O banco passa a assumir, também com ativos próprios, a automação bancária, que era totalmente terceirizada para fabricantes como Procomp e Itautec, entre outros. ?Não existe uma regra, depende de cada projeto. Tudo é determinado por estratégia negocial, de acordo com os serviços que prestamos. Estas cinco áreas são altamente estratégicas para o banco o que não quer dizer que todo projeto estratégico será internalizado?, esclarece a vice-presidente de tecnologia da informação, Clarice Coppetti.
Ela diz que no caso da gestão do penhor não se pode esquecer que a Caixa é a única que tem outorga para esta operação e não fazia sentido que este serviço ficasse fora da área de negócio. Até 2004, o penhor era gerenciado pelo sistema Aurus da Lellis Informática. A Caixa desenvolveu uma solução própria e trouxe o processamento para suas instalações de TI.
O mesmo se aplica às loterias na qual a iniciativa livrou a instituição da relação conflituosa com a G-Tech e gerou uma economia de R$ 360 milhões relativa às receitas da prestadora de serviços por sua participação de 5,75% sobre a apuração de todos os jogos além das receitas de seis tipos de tarifas.
Clarice explica ainda que o que está sendo internalizado é a inteligência, lembrando que no caso das loterias, a rede de telecomunicações, a manutenção dos terminais e a distribuição dos suprimentos são terceirizados.

Movimento lento
Na área de automação bancária, no entanto, há sim uma tendência de se passar a controlar os ativos. Desde o início do ano passado, a Caixa vem fazendo o insourcing também dos terminais bancários e de auto-atendimento. No modelo anterior, a empresa contratava do fabricante o serviço integrado e ele ficava responsável pelos ativos, a manutenção e o abastecimento. Hoje, porém, 40% dos terminais usados pelas agências e postos de atendimento da Caixa já são de sua propriedade, contra 60% de fabricantes como a Procomp, que tem a maior base, e a Itautec.
A estratégia tem permitido também diversificar a carteira de fornecedores. No início do ano, a Perto venceu uma licitação para a entrega de 4,9 mil terminais desenvolvidos de acordo com as especificações da Caixa.
A vice-presidente de TI explica que mesmo nos terminais próprios a manutenção continua terceirizada para o fabricante. O que muda é a forma de contratação e a solução que vai rodar nos caixas e terminais de auto-atendimento. A Caixa já tem a solução e agora está contratando uma parte que considera que não vale a pena desenvolver internamente.
Dos 4,9 mil terminais da Perto, um quarto já foi instalado com a nova solução. A implantação foi iniciada pelas praças onde o atendimento estava mais crítico e nas novas agências. A Caixa elaborou um planejamento para o período 2004/2007, em que abrirá mais 500 novas agências. Daí se conclui que novos pregões para aquisição de terminais ainda deverão ocorrer em 2007.
?Toda a precificação e os estudos que fizemos mostrou que este novo modelo de contratação é melhor para a Caixa do ponto de vista de custos e atendimento?, diz Clarice Coppetti, assegurando, porém, que a manutenção continuará sempre terceirizada. ?Não temos quadros técnicos para assumir este serviço?, reitera.
No caso da área imobiliária que gerencia mais de 500 mil contratos de mutuários, o serviço é prestado pela Unisys, que em 1999 adquiriu a Datamec, empresa então controlada pela Caixa e que foi privatizada. O edital de licitação previa a garantia de que o contrato com a Caixa seria válido por cinco anos renováveis. O contrato venceu este ano e foi renovado por mais 24 meses, prazo em que a Caixa estima para desenvolver um novo sistema.
?A Caixa já desenhou e especificou uma nova solução porque considera que o crédito imobiliário é estratégico para qualquer instituição financeira. A gestão, o controle e o desenvolvimento deste sistema serão conduzidos pelo banco, mas ainda não definimos onde ele vai rodar?, diz Coppetti.
Já o processamento dos cartões de crédito que hoje é realizado pela Orbital, cujo contrato vai até junho de 2007, será migrado para as instalações da Caixa até o final do próximo ano. A Orbital fornece também a solução que será substituída pelo aplicativo da CSU, que venceu a licitação aberta pela Caixa este ano. Agora, a CSU está customizando a solução para as exigências do banco. Segundo Coppetti, os acordos de níveis de serviços venciam em novembro, mas neste período todas as bandeiras de cartões de crédito entram em ?congelamento? não permitindo nenhuma implementação até fevereiro do próximo ano, quando se encerra o pico de vendas do ano. Assim, a expectativa é que o sistema só comece a ser implantado no fim do primeiro trimestre de 2007.
Apesar de todos estes projetos, a Caixa assegura que ainda irá gerar muita demanda para o mercado. ?A Caixa ainda é e continuará sendo um dos maiores contratadores do mercado. Só hoje temos 600 contratos ativos?, finaliza Coppetti.

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